domingo, 23 de fevereiro de 2014

Estudo indica que emagrecedor é seguro

  • 22 de fevereiro de 2011 | 

  • 23h18 | 

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  • Categoria: Saúde
    FELIPE ODA
    Um dos anfetamínicos ameaçados de proibição no País pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é seguro para o sistema cardiovascular, segundo um estudo científico da Universidade de São Paulo (USP) feito com cerca de 70 pacientes obesos do Hospital das Clínicas (HC). A pesquisa, que analisou a ação da dietilpropiona (ou anfepramona), é um dos levantamentos que serão usados nesta quarta-feira, dia 23, pela classe médica durante a audiência pública que vai decidir o futuro dos emagrecedores no Brasil.
    Além da anfepramona, estão na berlinda outros três emagrecedores que agem sobre o sistema nervoso: mais dois derivados da anfetamina (femproporex e mazindol) e a sibutramina, conforme adiantou o JT na semana passada. A iniciativa foi baseada em estudo científico estrangeiro e no parecer técnico da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme) da agência. No documento, elaborado em 2010, o órgão recomenda o cancelamento do uso das substâncias porque elas trariam mais riscos que benefícios.
    Já a pesquisa do HC, publicada no exterior (pelo International Journal of Obesity), pretende convencer a Anvisa sobre a segurança da substância. Os pacientes, todos sem doenças cardiovasculares, foram divididos em dois grupos: o primeiro recebeu anfepramona e o segundo, placebo.
    “Não observamos nenhuma diferença de pressão, frequência cardíaca ou psiquiátrica entre os dois grupos”, afirma o endocrinologista Alfredo Halpern, coordenador da pesquisa e chefe do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do HC. “Os resultados obtidos com a anfepramona no tratamento da obesidade foram excelentes”, completa.
    Em seis meses, os pacientes do HC tratados com o anfetamínico perderam, em média, 9,8% do peso corporal – índice que foi de 3,2% entre os que receberam placebo. Segundo o endocrinologista, o estudo seguiu os padrões rigorosos das investigações científicas. Isso significa que ele foi “randomizado e duplo-cego”, ou seja, nem pacientes nem médicos sabiam, no início, se o voluntário estava recebendo placebo ou anfetamínico.
    A pesquisa da USP e outras 12 publicações científicas sobre anfetamínicos e sibutramina serão apresentadas hoje à Anvisa pela Associação Nacional de Farmácias Magistrais (Anfarmag). “A decisão da Anvisa é precipitada. Os anorexígenos são bem conhecidos pelos médicos”, afirma a presidente da entidade, Maria do Carmo Garcez.
    Especialistas ouvidos pela reportagem criticam o estudo científico que embasa a iniciativa da Anvisa de proibir o comércio dos emagrecedores. “A Anvisa disse que o grupo que usamos no estudo (da USP) era restrito, pois não incluímos pacientes com problemas psiquiátricos. Mas eles fizeram uma amostra só com obesos com problemas cardiovasculares”, diz Halpern. “Quiseram só comprovar o efeito colateral das substâncias descritas na bula.”
    A agência também alega falta de estudos clínicos com maior tempo de duração sobre os efeitos das substâncias no organismo.

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