quarta-feira, 15 de junho de 2011

Sibutramina deve ser proibida em agosto


  • 14 de junho de 2011 | 



  • 23h05 | 



  • Tweet este Post

  • Categoria: GeralSaúde
    Fernanda Bassette e Lígia Formenti
    A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) encerrou ontem os debates em torno da discussão sobre proibir ou não os remédios para emagrecer no País. Apesar de ainda não haver um posicionamento definitivo, a intenção de retirar os remédios do mercado foi mantida. Isso porque a equipe técnica da Anvisa reforçou a recomendação para o cancelamento do registro dos inibidores de apetite.
    O documento servirá de base para que a diretoria colegiada da agência defina os rumos do uso desses remédios. O presidente da agência, Dirceu Barbano, afirmou que o relatório final deverá ser votado até o início de agosto.
    A intenção de banir as drogas foi anunciada pela Anvisa em fevereiro e adiantada pelo JT. Os remédios em discussão são: sibutramina e três anfetamínicos (femproporex, mazindol e dietilpropiona).
    Favorável à proibição, Barbano tem dito que reverteria sua posição apenas se houvesse algum fato novo relevante durante o painel científico internacional, realizado ontem com os médicos. “As exposições a que assistimos reforçam os argumentos usados no primeiro parecer”, afirmou a chefe do Núcleo de Notificação da Anvisa, Maria Eugênia Cury. Esse primeiro documento aponta que os riscos dos remédios seriam maiores que os benefícios da perda de peso.
    Entre os palestrantes convidados estava o cardiologista dinamarquês Christian Torp-Pedersen, um dos coordenadores do estudo Scout – que avaliou os riscos da sibutramina para pacientes com problemas cardíacos e serviu de base para a Anvisa propor a proibição.
    Torp-Pedersen reconhece que a sibutramina aumenta os riscos de problemas cardíacos em pacientes com fatores de risco, mas sustenta que a droga pode trazer benefícios, sobretudo para os pacientes obesos sem risco associado. “O problema é que o remédio é usado justamente por pessoas que têm risco mais elevado. Pessoas obesas e com sobrepeso têm maior probabilidade de apresentar distúrbios cardíacos”, disse Maria Eugênia.
    Os partidários à manutenção dos remédios no mercado defendem a realização de uma pesquisa em grande escala no País, financiada pelo Ministério da Saúde, para comprovar a eficácia e a segurança de três das quatro drogas: anfepramona, femproporex e mazindol.
    “O governo tem recursos para isso. Os obesos precisam de respostas, de indicações terapêuticas”, defendeu Walmir Coutinho, presidente da Associação Internacional de Estudo de Obesidade.
    Desiré Carlos Callegari, conselheiro do Conselho Federal de Medicina, defendeu a manutenção dos remédios, com mais rigor na prescrição: “Defendemos o direito de o paciente poder decidir e de os médicos terem autonomia para discutir o que é melhor para o paciente.”
    Ricardo Meirelles, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, admitiu seu pessimismo em relação a mudanças. “Acho que a Anvisa está inflexível e já tem uma opinião formada. Fica difícil argumentar. Caso ocorra a proibição, não descartamos uma medida judicial”, prometeu.